Sinopse: Livro comovente, sensível, enternecedor. Confesso minha carência de adjetivos para expressar as qualidades do trabalho de Vitória Faria, que foi feliz na escolha (e competente na execução) de uma escrita na primeira pessoa, como se Julíbia estivesse conversando conosco. Embora nos fale desde o leito de morte, dentro de um hospital onde passou os últimos dias, a narrativa não segue o caminho do sentimentalismo ridículo. Pelo contrário, reafirma a tenacidade de Julíbia mesmo diante das dificuldades e dos percalços que vida lhe apresentou. […] É inumerável o universo de vivências dessa cigana de coração gigantesco, capaz de suportar, estoica, tantas tragédias ao longo da existência: os detalhes da morte do marido, as enormes dificuldades financeiras, a terrível dor da mãe com os filhos presos e torturados pela ditadura, embora também tenha vivenciado experiências encantadoras, como a infância em Laguna, a paixão platônica na maturidade, a benção do Papa e, já idosa, o inusitado mergulho no Rio Jordão.Este livro tem o mérito de não esconder nada da vida de Julíbia e, também, não exagerar nas qualidades da biografada. Aqui está estampado o que ela sempre foi: a mulher generosa, a alma caridosa, a incansável batalhadora, a mãe de seis filhos e mais alguns agregados, como eu, que frequentei a casa durante os ásperos tempos da ditadura em que ela comumente me puxava para perto: vem cá, preciso te dar uns conselhos de mãe. Texto de Paulo Sá Brito.