Sinopse: Existe um lugar invejável para quem gosta de falar do cotidiano: transformar cenas banais que estão ao nosso redor em palavras escritas exige uma curiosidade e uma estranheza que dificilmente quem está confortável há tempo demais em um espaço é capaz de manter. Para sorte do leitor, esses locais muito acolhedores não importam para o universo criativo de Thaís Campolina. O deslocamento de caber em um espaço qualquer, seja ele geográfico ou artístico, e ainda assim ter palpites sagazes por onde quer que passe está presente não só nos versos do seu livro de estreia, mas também nos incansáveis projetos em que ela persegue a voz autoral tão cobiçada na literatura contemporânea. Os poemas de Thaís não poderiam ter sido escritos por outra pessoa: como uma boa forasteira, ela passeia por aí de mãos dadas com suas percepções, sempre à procura de boas suspeitas. Esses registros estão em textos que não obedecem a nenhuma regra, mas se comprometem a nos mostrar, de forma particular e muitas vezes quase cômica, as noções que surgem dos deslocamentos que acompanham suas cidades, opiniões, pessoas e a si mesma. Em eu investigo qualquer coisa sem registro, Thaís percorre suas vias sem pressa, em um ritmo próprio. Suas observações do mundo banal e extraordinário, comum a todos e ainda assim tão singular, estão impressas de uma forma tão sensorial que quase poderiam ser tocadas – se pertencessem a algum lugar. Nina Rocha.